Alta do ganho dos bancos com juros custará R$1,04 tri ao brasileiro


Os ganhos dos bancos com juros no ano passado subiram devido ao aumento do spread bancário, como é chamada a diferença entre os juros pagos pelos bancos para captar recursos e os juros cobrados por eles para emprestar dinheiro aos clientes. 

Em 2017, essa diferença foi de 54,6 pontos percentuais ao ano, bem acima da registrada no período de 2012 a 2014, de 34,5 pontos percentuais ao ano, em média. 

Por causa desse aumento, os brasileiros vão pagar, entre 2017 e 2022, R$ 1,04 trilhão a mais em juros, segundo um estudo divulgado pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) nesta quarta-feira (25). 

Os valores se referem a empréstimos para pessoas físicas, não para empresas.

Para fazer o cálculo, a Fiesp considerou o prazo médio das concessões de empréstimo em 2017, de 53 meses (cerca de 4 anos e 5 meses). A taxa básica de juros (Selic) atualmente está em 6,5% ao ano, mas as taxas cobradas dos consumidores são mais altas. 

Juro do cartão sobe a 243,3% ao ano para quem pagou valor mínimo, diz BC 
Os brasileiros que pegaram empréstimo em 2017 pagaram R$ 141,6 bilhões em juros naquele ano só com o aumento do spread. Até 2022, vão pagar mais R$ 899 bilhões, caso o nível atual de spread seja mantido. A soma, portanto, chega a R$ 1,04 trilhão. 

Esse valor não se refere ao total de juros pagos pelos brasileiros, mas apenas ao aumento do ganho dos bancos. O valor total é muito maior. 

Ganho com juros é o maior do mundo, diz Fiesp 
A Fiesp afirma que o spread bancário médio no Brasil, somando o crédito para pessoas físicas e empresas, é o maior do mundo, comparando com países que adotam metodologia de cálculo semelhante à brasileira. Na média, os países analisados têm spread de 1,5 ponto percentual, contra 21,5 pontos percentuais no Brasil. 

A entidade rebate um dos argumentos usados pelos bancos para justificar o spread elevado, de que ele é afetado pela inadimplência (devedores que não pagam ou atrasam o pagamento das parcelas). 

"A Itália tem inadimplência de 4,4 vezes a do Brasil, mas o spread total brasileiro é quase 20 vezes o italiano", diz José Ricardo Roriz Coelho, segundo vice-presidente da Fiesp. (Fonte: UOL)


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