Após reestruturação em alta renda, Bradesco quer avançar na parte internacional 


Banco quer competir na busca por clientes mais ricos. Inclusive na oferta de investimentos internacionais, área que está atrás dos principais concorrentes (Por Ivan Ryngelblum)

No começo do ano, o Bradesco promoveu uma reestruturação na área de alta renda, buscando avançar em um segmento rentável e gerador de negócios para o banco de atacado.

Depois de reorganizar a operação, congregando as áreas de private banking, o Prime, o chamado top tier, que abriga os clientes entre o Prime e o private, a plataforma de investimentos Ágora, a distribuição de investimentos e o Bradesco Bank, a operação de alta renda se sente preparada para competir e buscar crescimento de market share.

“Nós temos aqui uma estrutura nova e sinérgica, um passo muito importante para banco para capturar valor neste segmento, que apresenta alta rentabilidade e retorno”, disse Eurico Fabri, vice-presidente do Bradesco responsável pelo atacado, nesta terça-feira, dia 4 de abril, durante a 9ª edição do Brazil Investment Forum, do Bradesco BBI, em São Paulo. “Entendemos que temos um espaço grande para avançar.”

A expectativa é de que essa estrutura permita oferecer um pacote completo de serviços e competir particularmente no mercado de alta renda, que vem sendo intensamente disputado por grandes bancos e gestoras.

O esforço não é recente. No ano passado, o Bradesco firmou um acordo com o BNP Paribas para absorver os clientes de alta renda do banco francês. Dois anos antes, o banco tinha fechado acordo semelhante com o J.P. Morgan, fortalecendo o lado do private banking, tradicionalmente posicionado no varejo. Um dos pontos que o banco entende que precisa avançar é no mercado internacional, segundo Guilherme Leal, diretor responsável pela vertical de alta renda, considerando que esse público mantém mais de 50% de seus recursos no exterior. “Chegamos um pouco mais tarde nesse mundo de dinheiro de brasileiro lá fora”, afirmou Leal. “É um espaço que temos muito para crescer.”

Nesse sentido, o Bradesco vem dando ênfase às suas operações nos Estados Unidos. Em 2019, o banco adquiriu o BAC Florida Bank, por US$ 500 milhões. No ano passado, ele passou a se chamar Bradesco Bank e recebeu mais de US$ 230 milhões para acelerar sua expansão.

Segundo Augusto Miranda, head global de private bank, o Bradesco Bank tem uma licença completa, que permite ao cliente do private acessar os investimentos e o lado operacional, como serviços de banking e crédito.

A ideia é que essa internacionalização não fique restrita apenas aos clientes de altíssima renda, com o Bradesco vendo interesse também de clientes do segmento Prime por esse tipo de serviço.

“Você não precisa ter US$ 1 milhão para ter parte dos investimentos fora do Brasil, queremos universalizar o serviço de acordo com cada uma das camadas do wealth management”, afirmou Fabri.

Mas o Bradesco precisa correr para conseguir ganhar o terreno perdido. Players como Itaú, que comprou a Avenue e passou a oferecer aos clientes Personnalité, assim como BTG e XP, estão avançando nesse segmento. Bancos digitais como Inter e C6 também estão na frente quando se trata de atender o cliente de varejo no internacional.

Quanto a planos para encorpar a área de alta renda, via aquisições e incorporações, Fabri afirmou que está aberto a analisar novas oportunidades que possam aparecer e fortalecer a oferta de serviços. “O que nos interessaria é poder ter um share of wallet maior no topo da pirâmide”, afirmou.

Por enquanto, a ideia é ir capturando sinergias, fazendo com que o segmento também converse com outras áreas do atacado, como é o caso do Bradesco BBI, atraindo clientes e distribuindo produtos originados pelo banco de investimentos da casa, como foi o caso do CRI da Aliansce Sonae, de mais de R$ 600 milhões.

As ações preferenciais do Bradesco fecharam o pregão com alta de 2,29%, a R$ 13,11. Em 12 meses, elas acumulam queda de 29,7%, levando o valor de mercado a R$ 132,2 bilhões. (Fonte: Neo Feed)

Notícias Feeb/PR


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