"O Bradesco poderia evitar", diz idosa vítima de golpe de R$ 155 mil


Bandidos conseguiram enviar Pix, fazer transferências e empréstimos no nome da vítima (Por Bruna Marques) - foto Paulinho Costa feebpr - 


Após cair em um golpe e perder R$ 155,5 mil no mês passado, uma idosa aposenta de 64 anos acusa o Banco Bradesco de omissão. Segundo ela, a instituição poderia ter evitado a ação dos golpistas.

O Campo Grande News revelou o caso há um mês. Conforme o boletim de ocorrência, a idosa teria perdido R$ 238 mil, mas ela afirmou que na realidade foram R$ 155 mil e alterou a informação no próprio documento.

Na manhã desta quarta-feira (5), a vítima conversou com o Campo Grande News e revelou que os bandidos conseguiram tirar da sua conta corrente R$ 30 mil, que foram enviados via Pix, além de empréstimos e transferências.

“A pessoa, além de roubar tudo que eu tinha na conta, fez dois empréstimos, um pessoal e outro do INSS. Ele roubou meu limite de crédito de R$ 22 mil. Abriram uma conta no meu nome no Mercado Pago e fizeram um Pix no valor de mais de R$ 30 mil. Depois começaram a fazer transferências e empréstimos”, conta.

Inconformada com a situação, a vítima afirma que o banco não tomou nenhuma providência para evitar o problema. “Minha maior queixa é a omissão do banco”.

Segundo a idosa, no dia 3 de março, estava fazendo caminhada quando recebeu uma ligação do golpista, que se identificou como Felipe Alves e perguntou se ela sabia que havia sido agendado um Pix de R$ 4,5 mil na conta dela.

“Eu disse que não tinha conhecimento e que eu não tinha feito agendamento nenhum. O homem falou que então alguma coisa estava acontecendo. Ele informou que todas as tratativas que nós faríamos a partir daquele momento seriam para bloquear a conta”.

Acreditando que estava realmente falando com o funcionário do banco, a mulher combinou com o golpista para que ele ligasse novamente quando ela estivesse em casa.

“Voltei para casa, cheguei em casa, olhei as mensagens de SMS e vi que tinham vários Pix agendados. Ele me retornou a ligação, pediu que eu ficasse tranquila, eu fiquei confiante porque todas as evidências eram de que ele realmente era funcionário do Bradesco, ele sabia até o nome da minha gerente do banco”.

O golpista realizou todos os procedimentos com a vítima através da ligação, instalou inclusive um aplicativo antivírus no celular da idosa, porque, segundo o bandido, ele estava com dificuldade de fazer os cancelamentos.

“Foi uma coisa rápida. Após os procedimentos, ele fez uma recomendação: ‘Aconselho a senhora não ficar entrando no aplicativo do banco, porque pode atrapalhar as tratativas que fizemos aqui', então esqueci. Era fim de semana, uma irmã minha que mora fora chegou, fiquei envolvida com a minha família e não duvidei dele”, relembra.

Após realizar os procedimentos, o golpista informou para a vítima que na segunda-feira ela tinha horário marcado com a gerente do banco, por isso não desconfiou.

“Ele falou o nome da minha gerente e disse que ela estava ciente do que estava acontecendo e que ela agendou um atendimento para mim na segunda-feira, 13h, e que iria passar todo o relatório das tratativas do que tinha acontecido para mim. Fiquei despreocupada”.

Após cometer o crime, já na segunda-feira, o celular da vítima foi resetado, mas como a idosa tinha horário agendado na agência, esperou para procurar pelo homem. Para sua surpresa, a idosa foi informada pela recepcionista da agência que no local não trabalhava ninguém com o nome de Felipe Alves.

“Um gerente que não era o meu veio me atender e trouxe um extrato da minha conta corrente e falou: ‘a senhora está sabendo que foi roubada?'. Eu falei que não e ele me mostrou o extrato. Questionei por que eles não tinham bloqueado minha conta e ele disse que tentaram entrar em contato comigo e não conseguiram”.

A idosa informou ao gerente que o seu aparelho celular tinha sido bloqueado, por isso não recebeu ligações. Revoltada com a falta de controle do banco em ralação a golpes, a vítima questiona: “Tentou contato e não conseguiu e pronto, não fazem mais nada? Mesmo fim de semana o banco tem que ter um controle, quando eles viram que tinha algo errado deveriam ter feito alguma coisa”.

A idosa lembra que os golpistas começaram a limpar sua conta no dia 4 de março. O banco liberou empréstimos e transferências sem se certificar se era ela mesma que estava fazendo as solicitações.

“Eles me orientaram a fazer um boletim de ocorrência e contratar um advogado. Como que vou pagar advogado se estou negativa no banco e não tenho dinheiro? Saí dali, fui na delegacia, passei a tarde toda lá, estava enlouquecida, em estado de pânico, troquei o chip do meu celular para trocar o número”.

Resposta do Bradesco sobre a solicitação de ressarcimento da vítima. (Foto: Reprodução)

Ao entrar em contato com a ouvidoria do Bradesco, foi informada que por ter sofrido um golpe ela não será ressarcida. “Entrei em contato com o Banco Central fazendo uma reclamação do Bradesco, registrei queixa no Procon e semana que vem estou agendada na Defensoria Pública e espero conseguir ser atendida, porque não tenho dinheiro para pagar advogado”.

Em estado de choque, há um mês a idosa passou a tomar remédio para dormir e fazer acompanhamento psicológico. “Chorei muito, não consigo dormir, acordo de madrugada, porque isso não sai da minha cabeça, tenho medo de acontecer novamente. Além do prejuízo financeiro, tem o emocional também, eles me deixaram insegura, tiraram minha tranquilidade e fora que não estou sendo vista como vítima pelo banco”, lamenta.

O alerta que a idosa deixa para a sociedade é que se atentem de que está realmente falando com os bancos, antes de negociar com quem está do outro lado da linha. “Quero mostrar para a população que nós estamos vulneráveis, eles atacam independentemente de você ter instrução e conhecimento. Eles te induzem de tal forma que você acredita”.

Alerta – Nas redes sociais, o Banco Bradesco publicou um alerta informando aos clientes que a instituição não liga solicitando senha e nem pedem para os usuários baixarem aplicativo. A orientação é não passar senhas ou entregar cartão, fazer transferências e Pix solicitados por alguém se passando por funcionário.

A reportagem enviou um e-mail para o Banco Bradesco questionando sobre o caso da idosa, mas não recebeu retorno até a publicação da matéria. (Fonte: Campo Grande News)

Notícias Feeb/PR


COMPARTILHAR