Bancária morre baleada em tentativa de assalto a agência na Grande SP
Polícia disse que tiro que atingiu funcionária saiu da arma de um dos vigilantes; perícia vai identificar (Amanda Gomes)
Uma bancária de 27 anos morreu após ser baleada nas costas durante uma tentativa de roubo na agência onde trabalhava, às 10h19 de ontem, em São Bernardo do Campo (ABC). A polícia disse que o tiro saiu da arma de um dos vigilantes que reagiu ao assalto. Com os criminosos apenas foi encontrado uma pistola de brinquedo.
Segundo a Polícia Civil, dois criminosos entraram no banco Mercantil do Brasil e um deles pegou uma senha. O suspeito foi direto para o caixa e chamou atenção dos vigilantes. Um dos agentes foi ficar perto dele.
Em determinado momento, Renê Pires dos Santos, 32 anos, mostrou a pistola e tentou pegar o revólver calibre 38 do funcionário.
O segurança reagiu e os dois entraram em luta corporal. O funcionário chegou a cair no chão e disparou contra Santos.
Outro segurança também atirou e acertou Júlio Cezar de Jesus Santos, 43 anos. Ele não estava armado.
A supervisora Michelle Bertoloni (foto) estava próximo da porta do banco e dos vigilantes. Ela acabou sendo atingida. Michelle morreu na hora.
O delegado Sandro Mazzo disse que precisa esperar pelo laudo balístico para saber de qual revólver dos vigias saiu o tiro que matou Michelle. "Precisamos esperar a perícia. Na verdade não foi um disparo intencional. Por isso, serão liberados", disse.
Ele explicou que o segurança que efetuou o disparo pode responder por homicídio culposo (sem intenção).
Os policiais também estão procurando câmeras de segurança para tentar encontrar outros criminosos do lado de fora da agência.
Os ladrões baleados estão internados. A reportagem não conseguiu contato com a defesa deles.
PROMOVIDA
Os familiares da bancária contaram que ela trabalhava havia sete anos no banco e tinha sido promovida para o cargo de supervisora na semana passada. Ela começou ainda na agência como estagiária. Michelle era formada em administração de empresas. Ela era solteira e mais velha de dois irmãos.
'FALTOU PREPARO'
O autônomo Rogério Bertoloni, 52 anos, pai da bancária Michelle Bertoloni, disse que a ação dentro do banco foi "um despreparo". Apesar do sofrimento, ele não culpa os vigilantes.
"Foi um despreparo total. A empresa deve ter dado meia hora de curso e já deu a arma. Mas eles [vigilantes] são tão vítimas como nós. As empresas precisam preparar melhor", disse.
Bertoloni disse que a filha era uma mulher cheia de vida e bastante alegre. Ela gostava de viajar e estava fazendo aulas de circo. "Era uma jovem com uma carreira promissora e dedicada. Estava feliz.
Infelizmente aconteceu isso. Dói muito", afirmou o pai.
RESPOSTA
O banco Mercantil do Brasil disse em nota que lamenta o ocorrido e que a prioridade, neste momento, é dar suporte aos familiares de Michelle e aos colaboradores da agência. A empresa disse que uma equipe do banco foi para São Bernardo do Campo para dar apoio aos envolvidos e autoridades.
Advogados acompanharam toda a ocorrência na delegacia. Ontem, a agência ficou fechada para atendimento. O advogado Victor Solla, que representa a empresa de segurança, disse que a instituição está colaborando com as investigações da Polícia Civil. Ele não quis passar o nome da empresa.
Outro advogado afirmou que a assessoria de imprensa da empresa de segurança iria entrar em contato com a reportagem. Entretanto, isso não aconteceu até o fechamento desta edição. (Fonte: Folha.com)