Coronavírus: mudança no protocolo da Caixa escancara motivação política


Sem discussão com os representantes dos trabalhadores, direção do banco público abranda procedimentos de segurança criados para enfrentar a pandemia (Foto: Freepik)

O abrandamento do protocolo de segurança na Caixa Econômica Federal para o enfrentamento da pandemia causada pelo novo coronavírus deixa claro o viés político da direção do banco ao lidar com uma questão de saúde pública. É o que avaliam os representantes dos empregados.

A medida foi tomada de forma unilateral pela Caixa sem qualquer tipo de negociação – atitude até então inédita desde o início da pandemia do coronavírus. Basicamente, as novas regras determinam que apenas empregados que tiveram contato com casos suspeitos ou confirmados de covid-19 ficarão de quarentena – o protocolo anterior previa até 14 dias para toda a agência, como é a orientação das autoridades de saúde. Além disso, os novos critérios determinam quarentena somente para quem teve “contato”, e, mesmo que as orientações definam o que se entende por “contato”, não fica claro de quem é a responsabilidade de aplicar tal definição, deixando a cargo do gestor ou até do próprio bancário, sem atingir o objetivo maior que é a proteção da saúde coletiva.

“Não tem como determinar objetivamente se o empregado teve contato com uma outra pessoa com suspeita do infecção pelo novo coronavírus. A Caixa faz essa alteração sem negociação e coloca em risco a saúde das pessoas”, avaliou Leonardo Quadros, diretor da Apcef-SP e dirigente sindical bancário. “O protocolo anterior tinha o sentido de prevenção. Este novo traz, pela primeira vez desde o dia 22 de março, alterações que sequer foram discutidas e serve apenas para enquadrar a Caixa nessa conduta política irresponsável adotada pelo presidente Jair Bolsonaro. Se o número de mortes só cresce, não tem sentido diminuir a proteção aos trabalhadores”, completou.

Para o médico Albucacis de Castro Pereira, especialista em clínica médica e terapia ocupacional, a nova orientação trazida pela Caixa é contrária às boas práticas para enfrentamento da crise sanitária indicada pelas autoridades de saúde.

“O grande problema nessa última mudança é que só há afastamento quando há contato direto com o contaminado, ou próximo a ele, deixando em atividade todos os demais empregados. Isso é muito sério, pois há possibilidade de contágio tanto em portas giratórias quanto em elevadores e outras superfícies. Então houve uma precarização do protocolo em relação ao anterior, que era basicamente preventivo”, explicou o médico, que assessora a CEE/Caixa para questões de saúde do trabalhador. (Fonte: Seeb SP)


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