Entenda a ‘briga’ entre pecuaristas e o Bradesco após publicidade polêmica


Em Patos de Minas somos todos Agro! (Por Sofia Leão) - foto divulgação)

Nas últimas semanas, pecuaristas de todo o país têm protestado contra o Bradesco, fazendo churrascos em frente a agências bancárias e espalhando outdoors com mensagens contra o banco. O motivo de toda a confusão é um vídeo publicado por influenciadoras e vinculado ao Bradesco como publicidade.

Tudo começou quando três influenciadoras fizeram uma campanha divulgando um aplicativo do banco que calcula “pegadas” de carbono. No vídeo, elas dão dicas para os consumidores terem atitudes mais sustentáveis e sugerem a adesão ao movimento “Segunda sem Carne”.

“A criação de gado contribui para a emissão dos gases de efeito estufa, então que tal se a gente reduzir o nosso consumo de carne escolher um prato vegetariano na segunda-feira?”, diz uma das influenciadoras na publicidade.

Pecuaristas X Bradesco
Não demorou para que entidades do agronegócio passassem a repudiar o vídeo e criticar o Bradesco por veicular a publicidade. Os pecuaristas defendem que o setor é crucial para a economia brasileira e, por isso, não deveria ser atacado pelo banco.

“É no mínimo contraditório que uma instituição como o Bradesco, que tem ofertado ao segmento do agronegócio um grande volume de financiamento para custeio pecuário, incentive a redução do consumo de carne bovina”, diz nota do Sindicato dos Produtores Rurais de Patos de Minas.

“Nós somos taxados como vilões quando o setor do agronegócio brasileiro é o setor que mais traz satisfação e alegria para o Brasil. O Brasil não é um exportador da área industrial, mas ele é respeitado no mundo por ser um grande exportador da área de alimentos”, defendeu o diretor da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), do Sindicato Rural de Cuiabá e da Nelore, Jorge Pires Miranda.

O ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles e o deputado federal José Medeiros (Podemos-MT) também direcionaram críticas ao Bradesco por meio das redes sociais. “Não tem cabimento trabalhar contra a pecuária brasileira! Viraram a ONU agora?”, escreveu o ex-ministro no Twitter.

Pedido de desculpas
Após toda a represália por parte dos pecuaristas, o Bradesco tirou o vídeo do ar no dia 23 de dezembro, e divulgou uma carta aberta pedindo desculpas ao setor no dia seguinte. O documento foi assinado pelo diretor-presidente do banco, Octavio de Lazari Junior.

“Ao longo de seus quase 79 anos de história o Bradesco apoiou de forma plena o segmento do agronegócio brasileiro, estabelecendo parcerias sólidas e produtivas. Tal opção é baseada em sua crença indelével nesse segmento enquanto vetor de desenvolvimento social e econômico do país”, começa a carta.

“Contudo, nos últimos dias lamentavelmente vimos uma posição descabida de influenciadores digitais em relação ao consumo de carne bovina, associadas à nossa marca. Importante dizer que tal posição não representa a visão desta casa em relação ao consumo da carne bovina. Pelo contrário”, continua.

No documento, o diretor-presidente defende que o Bradesco acredita na pecuária brasileira e promove direta e indiretamente o setor e o consumo de carne bovina.

“Diante do ocorrido, medidas foram imediatamente tomadas incluindo a remoção do conteúdo de ambiente público, e, além disso, ações administrativas internas severas. Dessa forma, reiteramos nossa lamenta pelo ocorrido e reforçamos mais uma vez nossa crença irrestrita na pecuária brasileira”, finaliza o documento.

Protestos
O pedido de desculpas do Bradesco, no entanto, não parece ter sido suficiente para os pecuaristas. Já no dia 24 de dezembro, a Acrimat (Associação dos Criadores de Mato Grosso) divulgou nota criticando a atitude do banco de “se isentar” de responsabilidades a respeito da publicidade.

“Ocorre que o próprio Bradesco, em um dos seus aplicativos, também estimula a redução do consumo de proteína animal com a desculpa de se reduzir a emissão de carbono. Ora, se somos uma das cadeias mais importantes para a economia do país, como eles mesmos confirmam em sua carta aberta, principalmente num momento de pandemia e insegurança alimentar no mundo, como o próprio Bradesco atua com essas duas versões?”, diz trecho.

Em forma de protesto, entidades do agronegócio de diferentes regiões do país passaram a organizar churrascos em frente a agências do Bradesco, intitulados “Segunda com Carne” e marcados para essa segunda-feira (3).

Centenas de pecuaristas se reuniram em várias cidades, como Uberaba, no Triângulo Mineiro, para participar dos atos. Em Cuiabá, no Mato Grosso, cerca de dois mil espetos de churrasco foram distribuídos em manifestação na tarde de ontem.

O diretor da Acrimat, José João Bernardes, defendeu que o apoio do Bradesco ao movimento “Segunda sem Carne” se trata de uma estratégia para redirecionar o foco dos principais poluidores mundiais que, de acordo com ele, são os países europeus.

Em Minas Gerais, o movimento de direita “Nas Ruas” instalou outdoors contra o Bradesco e em defesa dos pecuaristas em Patos de Minas, na região do Alto Paranaíba. “Quando a lacrada sai pela culatra”, diz o outdoor. (Fonte: BHAZ)

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