Pix não facilita sequestro-relâmpago, garante diretor do BC


João Manoel Pinho de Mello rebateu rumores de que a ferramenta pode estimular a ocorrência desse tipo de crime. Especialista, por sua vez, alerta para o risco de fornecer informações pessoais em sites mal intencionados (Por Israel Medeiros*) - 

A facilidade das transferências instantâneas por meio do sistema de pagamentos Pix a qualquer hora do dia trouxe uma série de benefícios, segundo usuários e especialistas em economia. Mas há quem acredite que pessoas mal intencionadas poderão utilizar-se dessas facilidades para cometer crimes, como o sequestro-relâmpago. O Banco Central esclarece, contudo, que isso é uma inverdade.

Para o diretor de Organização do Sistema Financeiro da instituição, João Manoel Pinho de Mello, não faz sentido afirmar isso, ao observar as características do Pix. “Este tipo de crime (sequestro relâmpago) não é perpetrado por meio de transferências bancárias”, explicou Pinho de Mello, em um evento promovido pelo portal UOL.

Ele afirmou também que, nos casos de sequestro, os criminosos geralmente forçam as vítimas a realizar saques em caixas eletrônicos, uma vez que o dinheiro físico não é rastreável, diferente das transações feitas com o Pix. Para que o sequestrador tenha acesso aos recursos, explicou, precisaria ter uma conta em seu nome. Mello afirmou que mesmo que o dinheiro fosse para contas de terceiros poderia ser rastreado.

Informações sigilosas
Para Thiago José Vieira de Souza, presidente da Comissão Subseccional de Direito Empresarial da OAB/DF, o Pix funciona nos moldes bancários atuais, com a diferença de que resume informações em chaves para facilitar o acesso e utilização. Os golpes podem ser efetivados, segundo ele, quando o usuário fornece informações sigilosas voluntariamente aos criminosos, sem saber dos riscos que corre.

"Quando eu digo que o problema é do descuido, ou até da inocência, é porque os usuários muitas vezes acabam fornecendo os dados de forma inadequada para sites com confiabilidade duvidável. Os golpes são antigos, mas evoluem e se adaptam às novas ferramentas de informática", diz ele.

Souza alerta para dois golpes possíveis com o Pix: o primeiro dele é o roubo de informações mediante fraude ou conteúdo enganoso. "Hoje tem dois golpes, um é o furto de dados na hora do cadastramento de dados, o phishing. Os criminosos mandam links falsos se passando por uma instituição financeira para cadastramento do Pix. Ali conseguem informações que podem até lhe dar acesso à conta corrente. O outro depende mais da falta de atenção: o cliente recebe um link falso e cadastra a chave dele. O bandido pega a chave e vincula à uma conta dele. Se a pessoa que fizer o pagamento não conferir se os dados estão corretos, o dinheiro vai pra conta do bandido", explica.

Ainda de acordo com o advogado, a maioria dos golpes ocorre ou pela crença do usuário de que poderá obter alguma vantagem ou pela falta de informação ao utilizar as ferramentas. "As duas coisas conduzem ao mesmo problema. Fornecer informações privilegiadas a uma fonte duvidável seria o mesmo que o usuário entregar a chave de casa para um bandido e dizer que está fora. O que acontece muito é que pessoas acham que vão ganhar brindes, pela rede social, aí fornecem informações acreditando que vão ser beneficiadas com aquilo", comenta. (Fonte: Correio Braziliense)

*Estagiário sob a supervisão de Andreia Castro


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