Como bancos atuaram para ocultar operações das Americanas


A rede protagonizou a maior fraude contábil da história do Brasil.

A reportagem teve acesso a trocas de e-mails, mensagens e contratos entre diretores das Americanas, funcionários dos bancos e auditores que integram as investigações da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Polícia Federal e o Ministério Público Federal.

Mensagens trocadas a partir de 2017 entre os bancos Itaú, Santander, ABC Brasil e as auditorias evidenciam que informações que revelavam a verdadeira saúde financeira da empresa estavam sendo sistematicamente ocultadas, indicando fraude.

Arquivos que citavam empréstimos tomados eram corrigidos em e-mails subsequentes, em que os valores relativos a esses financiamentos sumiam.

"Esta é a primeira vez que fica claro que os bancos deliberadamente, por algum motivo, esconderam as informações sobre o risco sacado da documentação enviada para a auditoria. Eles chegaram a enviar as informações, mas voltaram atrás. Falaram que houve um erro e mandaram um 'vale este' dos documentos sem essas informações", diz Desidério.

O risco sacado é uma modalidade de crédito na qual o banco compra débitos que a empresa tem com seus fornecedores.

Essa operação foi largamente usada pelas Americanas nos últimos anos, mas não era registrada devidamente nos balanços, o que fez com que os prejuízos ficassem ocultos.

Após a publicação da reportagem, os bancos Bradesco, Itaú, Safra e Santander pediram o arquivamento de uma ação criminal movida na Justiça contra ex-diretores da rede varejista.

O episódio do podcast também mergulha nos bastidores da operação das Americanas nos últimos anos, apontando quem são os principais investigados por trás do esquema de fraudes.

O processo de sucessão do ex-CEO Miguel Gutierrez, principal suspeito de articular as fraudes, pelo banqueiro Sergio Rial, ex-presidente do Santander Brasil, visava a transformação do negócio, com a abertura de um banco próprio e a internacionalização da rede de lojas. (Fonte: UOL Podcast UOL Prime #33)

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