“Adolescente laranja” de Jovair fez pagamentos superfaturados no Ministério do Trabalho


O líder do PTB na Câmara, deputado Jovair Arantes apadrinhou Mikael Tavares Medeiros (foto), um adolescente de 19 anos, para o cargo de gestor de execução orçamentária e patrimonial do órgão, responsável por pagamentos que chegam a R$ 473 milhões anuais para fornecedores do Ministério do Trabalho. O garoto, indicado de Jovair, é filho do delegado da Polícia Civil de Planaltina de Goiás, Cristiomário Medeiros, um cabo eleitoral e aliado do parlamentar, derrotado nas eleições para a prefeitura da cidade. As informações iniciais, sobre o escândalo do adolescente laranja ocupando cargos de direção do Ministério, foram dadas pelo jornal “O Globo”.

O menino Mikael já ocupava desde o ano passado um outro cargo no Ministério também por indicação de Jovair Arantes. Ele foi transferido para o setor de pagamentos, ao que tudo indica, para cumprir as missões inescrupulosas ligadas ao esquema de propinas de Jovair no órgão. Sua nomeação foi assinada por Helton Yomura, atual Ministro interino, e que, na época da nomeação, era Secretário Executivo do Ministério. Yomura permaneceu no cargo depois de a filha de Roberto Jefferson, a deputada Cristiane Brasil, foi impedida pela Justiça, de assumir a pasta. Brasil tinha sido condenada na Justiça Trabalhista por desrespeitar as leis trabalhistas com seus funcionários.

Assim que assumiu a função, a primeira coisa que Mikael Tavares Medeiros, o garoto do Jovair, fez foi assinar o pagamento de R$ 22 milhões referentes a um contrato superfaturado com a B2T, empresa contratada supostamente para combater fraudes no Seguro Desemprego. Funcionários de carreira tinham se recusado a assinar a ordem de pagamento para esta empresa por orientação da Controladoria-Geral da União (CGU). O órgão de controle viu graves irregularidades no contrato com a B2T e recomendou o não pagamento. Ao contrário de mandar pagar, no ano passado, auditores da CGU recomendaram, não só o não pagamento, mas também que a empresa e os responsáveis pelo contrato no Ministério do Trabalho devolvessem R$ 4,6 milhões por causa de sobrepreço nos serviços.

Os funcionários de carreira que se recusaram a assinar o pagamento do contrato com B2T foram afastados e substituídos por Mikael Tavares Medeiros. A primeira coisa que o adolescente fez no cargo foi a liberação do pagamento milionário e irregular para a B2T. O Ministério do Trabalho disse que a ordem de pagamento teve o aval da Advocacia-geral da União (AGU) e que a contratação de Mikael não levou em conta a idade do rapaz, mas sim a conduta ilibada para exercer o cargo. A Advocacia Geral da União negou que tivesse dado o aval para o pagamento. A única experiência do rapaz antes de ser nomeado para o Ministério do Trabalho tinha sido o trabalho numa loja de venda de óculos.

O escândalo é tão grande que até o notório Roberto Jefferson sentiu a necessidade de tirar o corpo fora. Ele atacou Jovair e pediu a exoneração do adolescente. Vejam o que ele escreveu na internet. “Sobre a matéria do Globo, quero dizer que errou quem resolveu colocar um jovem inexperiente em um cargo importante no MTb; pedi ao ministro Helton Yomura que exonere esse rapaz. Esse ministério é ‘uma cabeça de burro enterrada’ no partido”, afirmou Roberto Jefferson, em sua conta oficial no Twitter.

Esse novo escândalo no Ministério do Trabalho apareceu antes mesmo que o anterior, do Paulinho da Força e do mesmo Jovair cobrando propina por carta sindical, esfriasse ou saísse de cena. Na semana passada surgiu a denúncia de que o Secretário de Relações do Trabalho, Carlos Cavalcante de Lacerda, indicado pelo deputado Paulinho da Força (Solidariedade) e o Secretário Executivo do Ministério, Leonardo Arantes, sobrinho do líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes, vinham cobrando propina de R$ 4 milhões para a liberação de uma carta sindical.

O caso foi denunciado por Afonso Rodrigues, dirigente do Sintrave (Sindicato das Pequenas e Micro Empresas de Transporte Rodoviário de Veículos Novos do Estado de Goiás), que queria o registro sindical de sua categoria e que, ao ser informado que teria que pagar a propina, gravou as conversas e entregou tudo para a Polícia Federal.

O Ministério do Trabalho anunciou na sexta-feira que decidiu afastar da função o rapaz de 19 anos que ocupa o cargo de gestor financeiro de contratos da pasta. Mikael Tavares Medeiros, que ainda não tinha concluído o ensino médio, era responsável pelo setor de gestão financeira e de patrimônio do Ministério.

Depois da repercussão do caso, até o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, ainda nesta sexta-feira (9)pediu ao  ministro para exonerasse Mikael Medeiros da coordenação da área de recursos logísticos da pasta.

Roberto Jefferson disse em rede social que “errou quem resolveu colocar um jovem inexperiente em um cargo importante no Ministério do Trabalho”. “Pedi ao Ministro que exonere esse rapaz”, completou. (Fonte: HP)


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