Bancos: setor que mais lucra demite em meio à pandemia


Santander, Itaú e Bradesco registram lucros bilionários no primeiro semestre, mas descumprem acordo firmado com a categoria e demitem país e mães aumentando a crise no Brasil

Em plena crise sanitária que já matou quase 150 mil, contaminou mais de 1 milhão e desempregou mais de 13 milhões de brasileiros, os bancos Santander, Itaú, Bradesco e Mercantil do Brasil, entre outros menores, que lucraram cerca de 20 bilhões somente no 1º semestre deste ano passaram a demitir. Fazem isso depois de firmarem um acordo de não promoverem demissões durante a pandemia. O movimento sindical têm realizado campanhas para denunciar a falta de compromisso dos banqueiros com o país e com o povo que tanto lhes dá lucro e trabalha por eles.

"O governo Bolsonaro não se importa com os trabalhadores e, portanto, chegamos a esta multidão de desempregados, que conforme o IBGE, em julho atingiu seu recorde de 13,8 milhões, desde 2012, quando iniciou este tipo de pesquisa", avalia Ricardo Saraiva Big, presidente em exercício do Sindicato dos Bancários de Santos e Região e secretário de Relações Internacionais da Intersindical Central da Classe trabalhadora.

O Santander, por exemplo, demitiu mais de mil bancários, mas na Espanha eles foram poupados porque o governo não deixa. Outras 400 demissões foram feitas pelo Itaú e o Bradesco anuncia que também vai demitir. Nesta segunda-feira (29), o Bradesco enviou aos funcionários comunicado no qual informa que irá conceder um benefício adicional no desligamento sem justa causa. O documento já alertou os trabalhadores.

 Sendo que o banco obteve os maiores lucros da América Latina nesse primeiro semestre. Foram mais de R$ 7 bilhões; o Itaú é a marca mais valiosa do Brasil avaliada em R$ 24,5 bilhões e o Santander retira do Brasil seu maior lucro no mundo, bate todos os outros países em que tem unidades como os EUA, Inglaterra e a própria Espanha.

Marketing enganoso
“Um dos grandes bancos que descumpre o acordo firmado no começo da pandemia é o Itaú. Foram cerca de 400 demissões. Utiliza-se de propagandas na TV para dizer que doou 1 bilhão na pandemia, mas demite. Ao contrário do que diz o mercado de que a marca Itaú é a mais valorizada, o que está demonstrado é que este tipo de marketing é enganoso e a marca não é confiável”, realça Élcio Quinta, tesoureiro do Sindicato dos Bancários de Santos e Região e funcionário do Itaú.

O campeão das demissões em 2020 é o Santander. Foram cerca de mil bancários demitidas desde maio, quando o banco começou a escalada de demissões. O lucro do banco no país representa 32% de todo seu lucro mundial. O Santander fez uma reserva de R$ 10,4 bi, para cobrir possíveis calotes que reduziu o lucro de R$ 7,749 bilhões para R$ 5,989 bilhões. Sem as provisões para créditos de liquidação duvidosa (PDD), a queda no lucro do Santander viraria crescimento de 8,8%. O Banco Central havia liberado as PDDs, mas mesmo assim os grandes bancos provisionaram.

Eficiência contra a sociedade
Nos balanços financeiros, os grandes bancos divulgam o chamado “Índice de Eficiência Bancária”, que resulta da divisão entre as despesas não decorrentes de juros, entre as quais se destacam as despesas com pessoal e tributárias e as receitas auferidas pelos bancos, entre elas, a receita de prestação de serviços. Por exemplo, um banco com índice de eficiência de 41% é aquele que, para obter uma receita de R$ 100,00, gasta R$ 41,00. Na lógica do Índice de Eficiência Bancária, esse banco deverá obter os mesmos R$ 100,00 com menos despesas.

Entre os grandes bancos que estão desrespeitando o acordo da pandemia, o atual campeão das demissões, o Santander, de acordo com os balanços de junho de 2020, tem o índice de 35,7%, considerado no setor o de melhor desempenho. Itaú vem em segundo lugar, com 45,4%, em seguido está o Bradesco, com 47,8%.

"Esta eficiência não se importa com bom atendimento à população, menores taxas e melhores serviços. Este tipo de eficiência não traz retorno algum para os clientes, a sociedade, os brasileiros e ao país”, finaliza Élcio.

Luta contra as demissões
O movimento sindical cobra e faz pressão para a suspensão das demissões e continua com a campanha de denúncias contra a quebra de compromisso dos bancos de não demitir durante a pandemia. Serão organizadas manifestações e ações pelas redes sociais para mostrar que demissões não combinam com os bons resultados financeiros dos bancos em 2020. (Fonte: Seeb Santos-SP)


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