CAMPANHA SALARIAL 2024 - Fenaban propõe reajuste de 85% do INPC; movimento sindical rejeita proposta na mesa


Mesmo sendo um dos setores mais lucrativos da economia, os bancos levaram para a mesa de negociação de ontem (21) uma proposta de índice que representa perdas salariais para a categoria: 85% do INPC como reajuste salarial.

O movimento sindical dos bancários rejeitou a proposta na mesa e reforçou que a categoria bancária exige respeito: reivindica a reposição total da inflação (INPC de 1º de setembro de 2023 a 31 de agosto de 2024) mais aumento real para salários, PLR, VA e VR e demais verbas.

Esta foi a nona rodada de negociação entre o movimento sindical e a Fenaban, no âmbito da campanha nacional dos bancários 2024, para a renovação da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria. O Paraná participou ontem da rodada através do presidente da Federação dos Bancários (FEEB-PR) e do Sindicato de Cascavel, Gladir Basso, que integra a CEBNN; Gilberto Lopez Leite, presidente do Seeb Ponta Grossa, e Iarael Lobo Coelho, secretário geral do Seeb Maringá.

DESRESPEITO!

O movimento sindical considerou essa proposta “um desrespeito à categoria. Dos 8.810 reajustes salariais firmados no País este ano, 86,1% tiveram reajustes acima da inflação, ou seja, aumento real. E os bancos, que lucraram R$ 54 bilhões [os quatro maiores] apenas no primeiro semestre de 2024, vêm para a mesa propor perdas salariais para os trabalhadores! Deixamos claro na mesa que a categoria não aceita proposta rebaixada. O recado que a Fenaban está dando com essa proposta é de que os bancos não valorizam os bancários e bancárias, que constroem, com seu trabalho diário, os seus altíssimos lucros. A categoria está mobilizada, organizada, e não vai aceitar proposta sem aumento real”.

Para o movimento sindical,  “a Fenaban está se escondendo atrás dos pequenos bancos para não dar aumento real. Disse em mesa que os bancos representam 10% das instituições financeiras do País. Rebatemos! Primeiro, muitos bancos são detentores de outras instituições do sistema financeiro. Além disso, reunindo o número de empresas de dois segmentos que citaram (bancos e instituições de pagamento), os bancos têm resultado mais de 9 vezes maior do que o das instituições de pagamento, detendo 71% do lucro produzido por todo setor financeiro”

PERDAS SALARIAIS

Cálculos do Dieese, feitos no momento da mesa de negociação, mostram que o ajuste proposto pela Fenaban (de 85% do INPC) resultaria em perda de 0,57% na remuneração da categoria bancária – considerando a projeção da inflação para data-base da categoria, que é de 3,96% em 1º de setembro, o percentual de 85% do INPC equivaleria a um reajuste de apenas 3,37%.

Além disso, esse índice abaixo da inflação colocaria o reajuste bancário entre os 1,4% piores reajustes dentre os 8.810 que foram firmados em 2024.

BANCOS CHORAM DE BARRIGA CHEIA
O lucro líquido dos maiores bancos no Brasil cresceu 169% acima da inflação, entre 2003 e 2023. Para 2024, há sinalização de melhora ainda maior nos resultados. Juntos, quatro dos maiores bancos (Itaú, Bradesco, Santander e BB) lucraram R$ 53,9 bilhões no primeiro semestre, o que representa alta de 13% em relação ao mesmo período de 2023.

De 2003 a 2022, o lucro líquido real dos bancos subiu 270%, enquanto que a remuneração média dos bancários subiu 16%, segundo dados da Rais. No mesmo período, os ganhos reais previstos em CCT para a categoria foram de 21%, mas a remuneração média dos bancários cresceu apenas 16%. Isso aconteceu por conta da alta rotatividade no setor, que demite os trabalhadores com salários maiores e contratam com salários menores, ou seja, eles ganham em qualquer situação, avalia o movimento sindical.

PRÓXIMA NEGOCIAÇÃO INICIA DIA 27

O movimento sindical exigiu ainda respostas da Fenaban sobre as demais reivindicações da categoria e vai ampliar a mobilização dos bancários em todo o País.

Os bancos ainda não apresentaram propostas para a PLR, VA e VR; medidas para a defesa do emprego; contra a terceirização; de combate às metas abusivas; linhas de crédito diferenciadas para os bancários; e de inclusão de PCDs e neurodivergentes, pessoas LGBTQIA+; melhorias na ajuda de custo do teletrabalho; jornada de 4 dias; isonomia salarial entre homens e mulheres, entre outras.

A próxima mesa de negociação do movimento sindical com a Fenaban está agendada para a próxima terça-feira, dia 27 de agosto, em São Paulo, devendo se estender até dia 30 (sexta-feira).

Gladir Antônio Basso Presidente da Federação dos Bancários do Paraná e do Sindicato dos Bancários de Cascavel, fala sobre a negociação com a Fenaban em São Paulo. (veja vídeo no downloads abaixo) 


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