Lucro de grandes bancos deve somar R$ 18 bi no trimestre
Apoiados no crédito a pessoa física, os quatro maiores bancos de capital aberto devem mostrar resultados melhores no segundo trimestre. O lucro combinado de Itaú Unibanco, Banco do Brasil, Bradesco e Santander Brasil deve ficar em R$ 18,031 bilhões, segundo média de projeções de analistas consultados pelo Valor.
O número indica crescimento de 13,5% em relação ao obtido entre abril e junho do ano passado. No primeiro trimestre, o resultado combinado das quatro maiores instituições foi de R$ 17,4 bilhões, alta de 11,4% em 12 meses.
Não se espera, novamente, um desempenho forte do crédito. Há uma retomada, mas ela ainda é lenta. Analistas do Goldman Sachs veem sinais de uma aceleração “gradual, mas consistente” das operações de empréstimos e financiamentos. Dados do Banco Central (BC) mostram aumento de 1,7% no estoque de operações dos bancos privados no bimestre encerrado em maio – período mais recente disponível.
“Devemos mais uma vez ver um trimestre neutro para os bancos brasileiros, já que o crescimento do crédito permanece muito fraco, a despeito de alguns sinais animadores do BC sobre os bancos do setor privado”, afirmam analistas do Bradesco BBI em relatório.
Porém, um dos grandes vetores do resultado deve vir dos empréstimos e financiamentos ao varejo – segmento que tem sido prioridade para as grandes instituições financeiras no pós-crise. O crédito a pessoas físicas tem spreads mais elevados que as operações com empresas, o que ajudará os bancos a sustentar suas margens financeiras e compensar o impacto negativo decorrente da queda da Selic.
Já nos primeiros três meses deste ano, os bancos começaram a sinalizar que a originação de empréstimos a pessoas físicas estava voltando aos níveis anteriores à crise econômica, e essa tendência deve se acelerar na nova safra de resultados, aponta o Goldman Sachs. Conforme análise do banco americano, os balanços também devem mostrar novos sinais de recuperação no crédito a empresas, especialmente no segmento de micro, pequenas e médias. O apetite para empréstimos às grandes companhias continua limitado, segundo os analistas.
A expectativa é que o impacto da greve dos caminhoneiros se mostre pontual e muito pequeno nos resultados. Segundo o Credit Suisse, não deve ser suficiente para desacelerar o crédito ou levar a revisões do “guidance” fornecido pelas instituições financeiras.
O maior impacto da greve, de acordo com o banco suíço, deve recair sobre o BB, por conta de sua exposição ao agronegócio. Pode haver algum aumento na inadimplência desses clientes, mas esse movimento deve ser compensado pela melhora no varejo. “A marca de um crescimento sólido do crédito é particularmente bem-vinda à luz da revisão do PIB para baixo pelas áreas de macroeconomia ao longo do trimestre e da greve dos caminhoneiros”, dizem analistas do Credit Suisse em relatório.
Conforme tendência que já se viu nos últimos trimestres, o risco do crédito deve continuar melhorando – muito por conta do segmento de pessoas físicas, mas em parte também por uma melhora nas operações com pessoa jurídica. Analistas da XP Investimentos destacam uma potencial melhora na dinâmica de inadimplência do Bradesco, com impacto positivo nas despesas com provisões para devedores duvidosos (PDD). O Credit Suisse não descarta a possibilidade de o banco da Cidade de Deus reduzir sua projeção para despesas contra calotes, que está entre R$ 16 bilhões e R$ 19 bilhões para este ano.
Para o Goldman Sachs, ainda existe espaço para uma queda maior da inadimplência do mercado como um todo em 2018. No entanto, analistas da casa consideram improvável que o indicador volte ao patamar de 2,7% apresentado no fim de 2014, como foi sinalizado por alguns executivos de bancos.
Um ponto de atenção deve ser os resultados de tesouraria, especialmente do Itaú e do Santander, que vieram acima do esperado no primeiro trimestre. A volatilidade das taxas de juros nos meses de abril a junho pode pesar no Santander, mas, no caso do Itaú, deve ser neutralizada pela política de hedge, segundo relatório da XP. (Fonte: Valor Econômico)